sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Promotora: Assassinato de médica por policial alerta para violência psicológica


O assassinato da médica Milena Gottardi Tonini Frasson, morta a tiros na saída do Hospital das Clínicas, na última quinta-feira (14) em Vitória (ES), alerta para um tipo de violência muitas vezes invisível: a psicológica. O crime teria sido planejado pelo ex-marido da vítima, o policial civil Hilário Frasson, por não aceitar a separação. Seu comportamento abusivo foi descrito em uma carta deixada pela vítima.

“As conversas com ele sempre partiam para o lado das ameaças. Falava que não sairia de casa, nem deixaria as meninas, que se um dia me separasse ele declararia guerra, e se mataria (falou isso perto de X dentre outras falas). Me sinto uma refém dentro da minha própria casa. Está insuportável! Não quero brigar com ele, mas também não consigo ter uma conversa, um diálogo. Ele não permite isso.”

De acordo com Caudia Santos Garcia, promotora de justiça e coordenadora estadual do Núcleo de Enfrentamento contra Mulher, do Ministério Público do Espírito Santo, a vítima evitou pedir uma medida protetiva para preservar a carreira do acusado. Os dois estavam em processo litigioso de separação.

"A preocupação dela era não prejudicá-lo por ele ser pai de suas filhas. Isso reforça a lógica do patriarcado, na qual a mulher se sente responsável pelo relacionamento entre pai e filhos", explicou.

Para a promotora de justiça Gabriela Manssur, a violência psicológica, em casos como este, é invisível. "Este é um crime que não deixa vestígios e, via de regra, não tem testemunha. Inclusive a própria mulher demora um tempo para perceber. O caso é um alerta para a violência psicológica", explicou à Marie Claire.

A mulher, diz, fica fragilizada, perde a autoestima e tem dificuldades para pedir ajuda. "É como se vivesse um isolamento social, e aos olhos da sociedade pode parecer fraqueza".

Além disso, por não haver provas físicas, é a palavra dela contra a do marido. "Nesses casos, as únicas testemunhas em geral são os filhos".

Quatro homens foram presos por suspeita de envolvimento com o crime, entre eles o ex-marido da vítima, o policial civil Hilário Frasson, e o pai do acusado. Se condenados pelo crime de feminicídio podem pegar entre 12 a 30 anos de prisão. O caso está sob sigilo de justiça.

Fonte: Marie Claire

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